29.11.07

Estes têm sido dias que se enchem sem pedir licença. Os trabalhos vão-me consumindo as horas, e ainda se acrescenta o facto de agora dar explicações de Geometria Descritiva, algo difícil de encaixar nesta rotina de escritório de arquitectura. As pausas preenchem-se sem que tenha tempo de as planear e o tempo para respirar é curto... muito curto. Entre momentos, na terça-feira fui com algum pessoal do escritório almoçar a um bar novo em Leça, o "Fuzelhas", muito interessante...
Dos trabalhos que me consomem, alguns inspiram... como é o caso de uma habitação de férias em que estou a trabalhar, num local paradisíaco nas margens de um ribeiro na Labruja, Ponte de Lima, com umas cachoeiras fotográficas e uma paisagem de suster a respiração... Aqui fica um dos meus muitos esquissos de trabalho.


26.11.07

No dia 25 de Novembro de 2006 (precisamente há um ano), entregava a minha prova final, como acto de finalização do curso de arquitectura. Este foi um passo bastante mastigado no meu percurso. A entrada no mundo profissional, a falta de tempo (ou força anímica) ditaram três anos de maturação para esta prova... talvez assim estivesse escrito, talvez não pudesse ser de outra forma. De qualquer forma, este último momento académico trouxe-me momentos e pessoas que não posso esquecer; desde o reencontro com o Prof. Arq. Camilo Rebelo, que acima de tudo se revelou (como sempre) um amigo, mais que um orientador, a ele devo muito da minha postura hoje em dia (a nível profissional e não só!); à cris, que me acolheu nos momentos difíceis e me empurrou para a frente mesmo quando o vento soprava forte em sentido contrário; à família e aos amigos que sempre me apoiaram, e em especial ao José Rui, que, na amizade e no (re)encontro com o caminho me trouxe uma vontade insaciável de me superar. Penso que ele sabe a importância que teve naquele momento (e que continua a ter).
Regresso às suas páginas e deixo aqui uma parte da sua introdução (brevemente colocarei uma boa representação deste trabalho na secção académica do meu portfolio em paperspace).

INTRODUÇÃO

“En una línea el mundo se une, con una línea el mundo se divide,
dibujar es hermoso e tremendo.”
[1]

(...)
1. ARQUITECTURA E LIMITE
Esta realidade “Limite”, tal como a pretendemos estudar, suscita uma actualização e debate constante no panorama da arquitectura contemporânea. A ocupação de espaços caracterizados pela condição Limite por parte do ser humano, para além da constante metamorfose e transitoriedade que se tem observado ao longo do percurso histórico das formas de territorialização, representa, mais que nunca, um tema de eleição quer à escala da cidade e do crescimento urbano como na materialização de propostas recentes de novas gerações de arquitectos. Mas o que é o “Limite”? Que diálogo estabelece com a Arquitectura e vice-versa? Que processos de intervenção no Limite?


2. ENTRE A CIDADE E O MAR
2.1 Frentes de Mar
Como exemplo excepcional do Limite, a frente de Mar sempre se assumiu como um lugar estratégico, lugar de vínculo intenso entre pessoas e culturas. Condição que não evita, ainda hoje, que resultem aqui e ali exemplos de desregulação que advêm de uma metamorfose amorfa ao longo dos tempos. Mas qual o carácter destes espaços? O que (de)formou a sua realidade? Que actuação para as frentes de mar?
2.2 O Porto de Mar da Póvoa de Varzim
Na escolha representativa do sítio, o caso de estudo é reflexo da temática elegida, situação espacial próxima e emergente, enunciado de incertezas iniciais de um percurso projectual. Desde logo se tornou clara a oportunidade urbana que o Porto de Mar oferecia, com todas as suas questões e problemas que levantavam.
Que histórias se prendem a este espaço? Quais as suas realidades e que estratégias se tomam actualmente?


3. UM MUSEU NO PORTO DE MAR
3.1 “Museu”
Na definição de um programa para a intervenção, o Museu Marítimo parece ser opção óbvia para a situação específica do Porto de Mar. A esta altura dá-se um salto fora (processo igualmente comum no percurso projectual) para se ter uma perspectiva sobre a realidade contemporânea dos Museus e as suas origens. É importante referir que, em nenhum outro momento se assistiu a um conjunto tão extenso de experimentação de tipos de museus nas suas tipologias e formas. Esta proliferação talvez se possa explicar por uma paixão pela memória que invade a sociedade à medida que se assiste a uma hipertrofia virtual do quotidiano do homem. Podemos definir actualmente “Museu”? Que papel desempenha nos novos paradigmas urbanos? Por dentro da realidade museológica, como encarar o acto de “expor”?
3.2 Proposta de Intervenção
Por último, a proposta; ela não pretende ser exaustiva ou supra-desenvolvida, antes consequente naquilo que é básico mas complexa no conjunto de intenções a revelar e perguntas a levantar; linear na forma mas múltipla nos processos de aproximação percorridos. Numa realidade próxima de um concurso de ideias, aquilo que interessa desenvolver é o conceito (ou conceitos) mais do que os aspectos construtivos ou técnicos; interessam as questões de implantação, colocação, interacção, movimento, a relação corpo-espaço, o sentido urbano e morfológico da intervenção na condição Limite. Por fim, e dada a natureza académica deste trabalho, dá-se por vezes uma generalização de certos temas para se poder incidir com mais pertinência num objectivo muito preciso: a proposta projectual na condição Limite.


[1] CHILLIDA, Eduardo – Preguntas. Madrid: Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, 2ª ed. 1999 (1ª ed.- Madrid: 1994)


19.11.07



Um destes dias, reencontrei-me com o meu caderno de viagens do 4º ano da faculdade, realizado para a cadeira de História da Arquitectura Portuguesa, ou pelo menos da cópia que possuo, já que o original, depois de ter feito parte da exposição da anuária da FAUP, ficou da propriedade da faculdade. Folheei-o lentamente e cada página me trazia à memória uma pequena história de cada esquisso, de cada desenho... Estes dias tenho-me entretido a digitalizar as suas páginas já que o caderno improvisado que montei começa a apresentar alguma deterioração.
Seria de estranhar que alguém que desenhe constantemente caia neste efeito nostálgico do passado revivido no desenho, no entanto, e para além dos desenhos de trabalho, dos estudos e dos projectos, muito poucos são os desenhos que guardo para mim. Normalmente, cada desenho tem à partida um destino e nunca deixo esse destino morrer-me nas mãos ou nos olhos...
Poucos ou nenhuns são os desenhos meus que posso observar no meu repouso ou no meu dia a dia. Mas também há o outro lado da medalha; cada vez que me encontro com um desenho ou uma pintura minha, ela abraça-me como um filho pródigo e eu acolho-a ...


... e nasço de novo.


[esquissos do interior da igreja românica de Rates, em cima; e da igreja pré-românica de Santa Comba de Bande, em baixo]

16.11.07

O nosso pequeno T2 está quase pronto. Se alguém me dissesse à dois meses atrás que hoje teria casa (ou quase), não acreditaria! A vida traz-nos surpresas como se trazem crianças ao colo.

Hoje acertei com o construtor a abertura de uma janela entre a sala e a cozinha onde vamos montar um pequeno balcão de almoços ligeiros... uma coisa à nossa maneira. Realmente faz sentido a canção do Milenium:

"Um pequeno T2,
onde podemos viver os dois,
com vista para o mar e um jardim (esta parte não),
um carro com tecto de abrir (isto sim),
apenas tenho de virar,
a minha vida de pernas pró ar
e procurar uma casa
para eu morar..."

As coisas vão-se compondo, e temos muito tempo para escolher aquilo que queremos e como queremos. Um espelho para a Cris de alto a baixo na parede do quarto, um escritório aconchegante para trabalharmos, uma biblioteca enorme para os nossos livros, uma chaise-longe, um bonsai que o José Rui já nos tinha destinado (parece que nos lê os pensamentos...) Para já, vai-se tendo a certeza que será um canto nosso, com coisas que nos impliquem, com memórias e sonhos...

13.11.07

Neste regresso ao blog tornou-se claro para mim que não seria possível condensar num só blog dois intuitos tão diferentes como os "esquissos" do dia a dia e os trabalhos profissionais que vou realizando. Assim, e desde há alguns dias tenho vindo a preparar um novo blog, que vai estando pronto sem que ainda o esteja: "paperspace" (termo técnico de utilizadores de autocad onde se prepara o layout final da folha para impressão ou publicação).
Parecerá muita pretensão da minha parte criar mais um blog, tão recentemente retornado de um abandono tão prolongado! Não encaro, no entanto, que o "paperspace" seja tanto um blog, mas sim o meu portfolio pessoal que há tanto tempo desejo montar... que ele tenha adquirido a forma de blog é só uma questão prática de execução.
Assim, a todos aqueles que de alguma forma se interessem pelo que vou fazendo no panorama da arquitectura, dos trabalhos académicos aos projectos actuais, dos trabalhos pessoais às colaborações no atelier onde trabalho, ou aos projectos partilhados com colegas arquitectos, é só clicar aqui: paperspace

10.11.07

No dia 28 de Outubro foi inaugurada a primeira pedra da Creche "Miminho". Depois da Casa do Regaço, este é mais um desafio para o Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa da Póvoa de Varzim, na pessoa da Dr. Luísa Moreira.
Presentes neste acto cerimonial esteve o Presidente da Segurança social Dr. Edmundo Martinho, a Sónia Araújo (como madrinha do "miminho") e os representantes da Câmara da Póvoa de Varzim, bem como todos aqueles que têm feito deste sonho uma realidade. Entre eles, o Atelier do Boido, com o qual colaboro, especialmente neste projecto que me diz muito desde a sua raiz.
Fica um dos esquissos com que nasceu a ideia do edifício que vai receber pequenos projectos de vida.

6.11.07


Há dois dias atrás abria asas e projectava-me no obradoiro ... Ainda não senti o cheiro da terra, nem me acordaram ainda as horas do dia. Aquela praça continua a ser o meu centro do mundo, ao qual tenho de regressar constantemente para me encontrar de novo.
Decidi neste caminho reencontrar também tempo para dar a este blog que tenho deixado ao desalento e para desalento de algumas pessoas que me rodeiam... vou esforçar-me... se bem que darei um novo rumo às novas publicações, revelando mais o dia a dia, os meus trabalhos, abrindo-vos o meu "bloco de esquissos"
Esta tem sido uma fase de grandes mudanças e decisões: acaba este mês o meu estágio para a Ordem dos Arquitectos, decidimos (eu e a cris) comprar casa que deverá estar pronta lá para o Natal, e juntamente com alguns colegas decidi "montar" um espaço onde possamos trabalhar nos nossos projectos pessoais ou de grupo, um lugar que queremos que seja de trabalho mas também de partilha, de troca, de ajuda pela arquitectura que nos apaixona...

[imagem: www.publispain.com]