26.11.07

No dia 25 de Novembro de 2006 (precisamente há um ano), entregava a minha prova final, como acto de finalização do curso de arquitectura. Este foi um passo bastante mastigado no meu percurso. A entrada no mundo profissional, a falta de tempo (ou força anímica) ditaram três anos de maturação para esta prova... talvez assim estivesse escrito, talvez não pudesse ser de outra forma. De qualquer forma, este último momento académico trouxe-me momentos e pessoas que não posso esquecer; desde o reencontro com o Prof. Arq. Camilo Rebelo, que acima de tudo se revelou (como sempre) um amigo, mais que um orientador, a ele devo muito da minha postura hoje em dia (a nível profissional e não só!); à cris, que me acolheu nos momentos difíceis e me empurrou para a frente mesmo quando o vento soprava forte em sentido contrário; à família e aos amigos que sempre me apoiaram, e em especial ao José Rui, que, na amizade e no (re)encontro com o caminho me trouxe uma vontade insaciável de me superar. Penso que ele sabe a importância que teve naquele momento (e que continua a ter).
Regresso às suas páginas e deixo aqui uma parte da sua introdução (brevemente colocarei uma boa representação deste trabalho na secção académica do meu portfolio em paperspace).

INTRODUÇÃO

“En una línea el mundo se une, con una línea el mundo se divide,
dibujar es hermoso e tremendo.”
[1]

(...)
1. ARQUITECTURA E LIMITE
Esta realidade “Limite”, tal como a pretendemos estudar, suscita uma actualização e debate constante no panorama da arquitectura contemporânea. A ocupação de espaços caracterizados pela condição Limite por parte do ser humano, para além da constante metamorfose e transitoriedade que se tem observado ao longo do percurso histórico das formas de territorialização, representa, mais que nunca, um tema de eleição quer à escala da cidade e do crescimento urbano como na materialização de propostas recentes de novas gerações de arquitectos. Mas o que é o “Limite”? Que diálogo estabelece com a Arquitectura e vice-versa? Que processos de intervenção no Limite?


2. ENTRE A CIDADE E O MAR
2.1 Frentes de Mar
Como exemplo excepcional do Limite, a frente de Mar sempre se assumiu como um lugar estratégico, lugar de vínculo intenso entre pessoas e culturas. Condição que não evita, ainda hoje, que resultem aqui e ali exemplos de desregulação que advêm de uma metamorfose amorfa ao longo dos tempos. Mas qual o carácter destes espaços? O que (de)formou a sua realidade? Que actuação para as frentes de mar?
2.2 O Porto de Mar da Póvoa de Varzim
Na escolha representativa do sítio, o caso de estudo é reflexo da temática elegida, situação espacial próxima e emergente, enunciado de incertezas iniciais de um percurso projectual. Desde logo se tornou clara a oportunidade urbana que o Porto de Mar oferecia, com todas as suas questões e problemas que levantavam.
Que histórias se prendem a este espaço? Quais as suas realidades e que estratégias se tomam actualmente?


3. UM MUSEU NO PORTO DE MAR
3.1 “Museu”
Na definição de um programa para a intervenção, o Museu Marítimo parece ser opção óbvia para a situação específica do Porto de Mar. A esta altura dá-se um salto fora (processo igualmente comum no percurso projectual) para se ter uma perspectiva sobre a realidade contemporânea dos Museus e as suas origens. É importante referir que, em nenhum outro momento se assistiu a um conjunto tão extenso de experimentação de tipos de museus nas suas tipologias e formas. Esta proliferação talvez se possa explicar por uma paixão pela memória que invade a sociedade à medida que se assiste a uma hipertrofia virtual do quotidiano do homem. Podemos definir actualmente “Museu”? Que papel desempenha nos novos paradigmas urbanos? Por dentro da realidade museológica, como encarar o acto de “expor”?
3.2 Proposta de Intervenção
Por último, a proposta; ela não pretende ser exaustiva ou supra-desenvolvida, antes consequente naquilo que é básico mas complexa no conjunto de intenções a revelar e perguntas a levantar; linear na forma mas múltipla nos processos de aproximação percorridos. Numa realidade próxima de um concurso de ideias, aquilo que interessa desenvolver é o conceito (ou conceitos) mais do que os aspectos construtivos ou técnicos; interessam as questões de implantação, colocação, interacção, movimento, a relação corpo-espaço, o sentido urbano e morfológico da intervenção na condição Limite. Por fim, e dada a natureza académica deste trabalho, dá-se por vezes uma generalização de certos temas para se poder incidir com mais pertinência num objectivo muito preciso: a proposta projectual na condição Limite.


[1] CHILLIDA, Eduardo – Preguntas. Madrid: Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, 2ª ed. 1999 (1ª ed.- Madrid: 1994)